Os números são assustadores. Especialistas estimam que aproximadamente 1000 igrejas locais fechem suas portas todos os anos.
O que é ainda mais devastador sobre essa estatística é que este número reflete somente as igrejas da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos – minha denominação. Imaginem como esse número cresce se somarmos o número de igrejas locais de outras denominações estabelecidas que também estão fechando, o que alguns estimam ser entre 3500 a 4000 igrejas por ano só nos Estados Unidos. Não é necessário dizer que temos uma epidemia em nossas mãos. Embora Deus continue, por um lado, edificando sua igreja através da plantação de igrejas, estas igrejas não têm sido plantadas e permanecido na mesma proporção daquelas que têm fechado suas portas permanentemente a cada ano.
É bom e correto se sentir sobrecarregado com o peso da realidade da extinção de igrejas locais que antes eram como faróis do evangelho em suas comunidades. Pastores estão desistindo. Prédios belos e históricos de igrejas estão sendo leiloados para quem pagar mais. Sem dúvida, o peso que muitos que amam a noiva de Cristo têm sentido é um peso que nós também precisamos sentir. O peso deste fardo tem resultado em um movimento sem precedentes para fazer algo a respeito dessas igrejas que estão morrendo. Surgindo em várias denominações, tal movimento tem sido rotulado de “Revitalização de igreja” e/ou “Replantação de igreja”.
Tendo, em meu próprio ministério pastoral, engajado-me no trabalho de revitalização antes do início desse movimento e tendo observado o movimento durante todo esse tempo, eu tenho percebido comummente duas abordagens que não ajudam muito sendo seguidas: o Pragmatismo e o Purismo.
O Pragmatismo
Os adeptos do pragmatismo buscam reviver e fazer crescer a igreja que está morrendo através de artifícios espertos e programas atraentes que funcionam para trazer resultados específicos desejados. Esses resultados normalmente estão baseados em números, dirigidos por fortes esforços evangelísticos que se apoiam grandemente nas habilidades e dons de homens. Apesar de reconhecimento verbal da Bíblia e do Espírito de Deus e destes terem espaço na mistura, o desejo por resultados visíveis e numéricos tomam primazia e a guia do trabalho, o poder de revitalização está em último caso na sabedoria de homens. Consequentemente, os resultados e a atratividade se tornam mais importante do que a fidelidade em um propósito específico que Deus possa ter para sua igreja que não produza os mesmos resultados numéricos.
Para os que seguem o pragmatismo, o resultado numérico desejado se torna o fim que justifica abraçar quaisquer meios necessários para atingi-lo.
O Purismo
O purista se aproxima da tarefa de revitalizar uma igreja estritamente aderindo a princípios bíblicos, baseados na centralidade da Palavra de Deus. Isso frequentemente se manifesta em um firme compromisso com formas bíblicas de culto. Enquanto esta abordagem tem muitos aspectos que lhe tornam recomendável, ao mesmo tempo há um perigo sutil escondido nesta abordagem que pode ser uma armadilha, e está nos motivos centrais do pastor que conduz a revitalização. Se não for cuidadoso, as convicções do pastor podem de forma quase imperceptível mudar de uma convicção sobre a centralidade da Palavra de Deus para uma convicção de não ser pragmático. Consequentemente, o purista celebra ser não-atrativo e anti-criativo, e orgulhosamente rejeita qualquer coisa que possa parecer ser entretenimento ou consumista e mundana. O purista se vê como estando firmemente apoiado nas promessas do poder da palavra de Deus para soprar fôlego revitalizador na congregação.
Mas na realidade, o purista está meramente apoiando-se em legalismo rígido, intencionalmente fazendo a igreja ser não atraente para discernir quem de fato está comprometido com Deus, sua Palavra, seu povo e sua igreja.
A abordagem bíblica
Existe uma abordagem equilibrada e bíblica para o trabalho de revitalização que é tanto mais eficiente quanto também mais fiel ao propósito de Deus para a igreja local. Esse método se baseia totalmente na verdade que o Espírito de Deus trabalhando através da sua Palavra é o único meio de trazer verdadeira vida espiritual para a igreja local. E, ao mesmo tempo, valoriza a verdade que é bom e certo que a noiva de Cristo pareça bonita e atraente para o povo de Deus e mesmo intrigante para aqueles que são hostis quanto a Cristo no mundo.
Esta abordagem engloba tanto a profunda convicção de que o poder de Deus por seu Espírito e sua Palavra é que realizam a obra, quanto o fato de que Deus usa criatividade, paixão, dons singulares e o zelo dos líderes e do povo para soprar vida e edificar sua igreja.
Esta abordagem bíblica defende que a igreja local deveria ser atraente, mas por razões bíblicas específicas: pregação bíblica apaixonada, comunhão amorosa e sacrificial, aplicação prática do evangelho, cuidado zeloso das almas, evangelismo intencional e autêntica semelhança com Cristo, para mencionar algumas. O objetivo desse método é ver nova vida e fôlego na igreja local, mas não à custa da busca fiel do propósito de Deus para a igreja local. A saúde da igreja, de acordo com os desígnios Deus na Bíblia, torna-se o alvo final, não os números. O poder de Deus é visto em como ele edifica sua igreja da forma que ele quer edificar sua igreja, ao invés de ser definido por algum padrão mundano de sucesso.
É esta abordagem mais bíblica que eu desejo defender. Isso define a visão de como treinamos homens no Centro Mathena para Revitalização de Igreja, assim como em nossa própria igreja local. Aqueles que são chamados para essa tarefa iniciam uma obra nobre que glorifica a Deus. Existe um poder singular e especial, um testemunho em não ser só uma igreja local cheia de vida, mas uma antiga igreja histórica que estava perdida, respirando por aparelhos, e que aprouve a Deus soprar vida nela novamente. Que melhor testemunho há de que Deus é Deus que ressuscita os mortos do que ver isso acontecendo com igrejas mortas por todo o mundo? Mas não se engane. Deus é quem deve realizar isso. Somente o poder de Deus é suficiente para realizar isso. Logo, é necessário que seja feito da maneira como Deus planejou que sua igreja fosse edificada, com vida espiritual verdadeira e duradoura trazida de volta a estas igrejas em dificuldades.
Brian Croft
Brian Croft é o pastor efetivo da Auburndale Baptist Church em Louisville, Kentucky. Ele também é autor de “Visit the Sick: Ministering God’s Grace in Times of Illness”, (Prefácio de Mark Dever) e “Test, Train, Affirm, and Send Into Ministry: Recovering the Local Church’s Responsibility to the External Call”, (Prefácio de R. Albert Mohler Jr). Brian escreve regularmente no blog Practical Shepherding.