Quando Jesus retornar, não só os incrédulos, mas também crentes, ainda estarão na terra (1Ts 4:15,17). O que acontecerá a estes crentes que permaneceram e aos que já tiverem morrido?
Além disso, até onde o atual capítulo está preocupado, nós simplesmente apresentaremos os pontos de vista deles, e todos nossos embates serão feitos por meio do debate adicional, ao fim deste capítulo. O que nós diremos sobre os pontos de vista dos dispensacionalistas será objetivo.
Não obstante, apressamo-nos a acrescentar que entre os dispensacionalistas há uma grande diferença de opinião, e qualquer tentativa de entender os pontos de vista deles será realmente fracassada, a menos que tenhamos em mente que o que é apresentado é o ponto de vista de muitas – mas não de todas – pessoas.
Note as três passagens a seguir.
Os dispensacionalistas apelam para Gênesis 5:21-24; João 14:1-3; e 1ª Tessalonicenses 3:11-13, em defesa de suas teorias relativas ao arrebatamento (sim, eles também apelam a 1ª Tessalonicenses 4:13-18, mas esta passagem será discutida no próximo capítulo).
Portanto, serão dadas umas poucas palavras sobre cada uma destas três passagens. Gênesis 5:21-24 vem como uma surpresa. Seis vezes seguidas lemos “e morreu”. E, de repente, deparamo-nos com uma breve biografia de Enoque. Durante 365 anos este homem viveu em comunhão íntima com Deus. Não obstante, ele não era nenhum monge ou asceta.
Em João 14:1-3, nosso Senhor está com os seus discípulos no cenáculo durante a noite da última ceia. Jesus conforta seus discípulos e lhes diz que não se preocupem, mas que confiem. Além disso, ele os assegura que, embora os esteja deixando, não os está esquecendo, e que sua partida é para o bem deles, pois ele vai preparar um lugar para eles na casa do Pai, quem tem muitas moradas. Ele prossegue:“E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo”.
1ª Tessalonicenses 3:11-13 contém a oração de Paulo em que ele pede que possa voltar para os tessalonicenses. E ele expressa o fervoroso desejo de que, seja esse pedido atendido ou não, o Senhor, de qualquer forma, encha os tessalonicenses com tal medida transbordante de amor, que o coração deles seja fortalecido de forma que frutifique para o dia do juízo, quando Jesus virá com todos os seus santos, ou seja, com todos o seus redimidos.Como os dispensacionalistas usam estas passagens no interesse de seu ponto de vista a respeito do arrebatamento.Os dispensacionalistas distinguem pelo menos duas segundas vindas. Portanto, segundo eles acreditam, haverá uma primeira segunda vinda a qual eles dão o nome de “arrebatamento”, e uma segunda segunda vinda, a qual eles dão o nome de “revelação”. Em defesa da primeira segunda vinda eles apelam a Gênesis 5:21-24 e a João 14:1-3, e em defesa da segunda segunda vinda eles apelam a 1ª Tessalonicenses 3:11-13. Portanto, eles falam de uma vinda de Cristo “para” os seus santos (o arrebatamento), e uma vinda “com” os seus santos (a revelação). Estas duas vindas estão, supostamente, separadas por um intervalo de sete anos.
William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.
O Dispensacionalismo é uma doutrina teológica e escatológica cristã que afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo será um acontecimento no mundo físico, envolvendo o arrebatamento e um período de sete anos de tribulação, após o qual ocorrerá a batalha do Armagedon e o estabelecimento do reino de Deus na Terra. A palavra “dispensação” deriva-se de um termo latino que significa “administração” ou “gerência”, e se refere ao método divino de lidar com a humanidade e de administrar a verdade em diferentes períodos de tempo. Inicialmente elaborada por John Nelson Darby a partir das visões da adolescente Margaret McDonald, o dispensacionalismo é um sistema teológico que apresenta duas distinções básicas: (1) Uma interpretação consistentemente literal das Escrituras, em particular da profecia bíblica, vista em várias séries de “dispensações” de Deus na história e a (2) A distinção entre Israel e a Igreja no programa de Deus.
A teologia dispensacionalista acredita que há dois povos distintos de Deus: Israel e a Igreja. Os dispensacionalistas acreditam que a salvação foi sempre pela fé (Em Deus no Velho Testamento; especificamente em Deus o Filho no Novo Testamento). Os dispensacionalistas afirmam que a Igreja não substituiu Israel no programa de Deus e que as promessas do Velho Testamento a Israel não foram transferidas para a Igreja. Eles creem que as promessas que Deus fez a Israel no Velho Testamento serão cumpridas no período de 1000 anos de que fala Apocalipse 20. Eles creem que da mesma forma que Deus concentra sua atenção na igreja nesta era, Ele novamente, no futuro, concentrará Sua atenção em Israel (Romanos 9-11). A maioria dos Dispensacionalistas são contra acordos de paz, pois segundo eles, só adiaria o inevitável que é a volta de Jesus.[1]
Usando como base este sistema, os dispensacionalistas entendem que a Bíblia seja organizada em sete dispensações: Inocência (Gênesis 1:1 – Gênesis 3:7), Consciência (Gênesis 3:8– Gênesis 8:22), Governo Humano (Gênesis 9:1 – Gênesis 11:32), Promessa (Gênesis 12:1 – Êxodo 19:25), Lei (Êxodo 20:1 – Atos 2:4), Graça (Atos 2:4 – Apocalipse 20:3) e o Reino Milenar (Apocalipse 20:4 – Apocalipse 20:6). Mais uma vez, estas dispensações não são caminhos para a salvação, mas maneiras pelas quais Deus interage com o homem. O Dispensacionalismo, como um sistema, resulta em uma interpretação pré-milenar da Segunda Vinda de Cristo, e geralmente uma interpretação pré-tribulacional do Arrebatamento. Esta crença é muito criticada pelo meio protestante em geral por tentar antecipar a volta de Cristo por meios políticos.[2]