A voz do povo é a voz de Deus?
Também usado como todo mundo gosta de Deus, “A voz do povo [é] a voz de Deus” é um velho provérbio erroneamente atribuído a Guilherme de Malmesbury no século XII.
Outra referência ao termo é a carta de Alcuíno para Carlos Magno em 798, embora acredita-se que seu uso tenho sido feito mais tarde. A citação completa de Alcuíno:
Nec audiendi qui solent dicere, Vox populi, vox Dei, quum tumultuositas vulgi semper insaniae proxima sit.
Tradução para português: “E essas pessoas não devem ser ouvidas por quem continua dizendo que a voz do povo é a voz de Deus, já que a devassidão da multidão sempre está muito próxima da loucura.”
No entendimento de que a democracia é o regime mais divino possível, o seu resultado como, o poder ao povo assim se designa. Por isso muitos, querendo divinizar suas ações, por estas serem aprovadas pela maioria, usam deste ditado como uma espécie de revelação.
Os cristãos que são leigos na biblia, e consequentemente reprodutores de um evangelho humanista, absorveram esse jargão popular. Eles repetem muitos destes dizeres populares sem ao menos terem consciência de que sejam ou não bíblicos.
Biblicamente, o consenso popular nem sempre teve a aprovação de Deus. Em 2 crônicas 18, quatrocentos profetas falaram a mesma coisa ao rei Josafá, mas estavam todos errados. No novo testamento, o povo todo clamou contra um inocente escolhendo Barrabás.
Segundo o texto bíblico de Hebreus 1, a voz de Deus é a vida e a obra de Cristo transcritas nas escrituras.
Concluímos então que qualquer outra voz que esteja em desacordo com esta voz, NÃO É A VOZ DE DEUS. Isto nos leva a algumas perguntas:
Que voz deseja ouvir?
Que voz está ouvindo?
Alê Rocha