“…1. É de se temer que há muita pregação infiel aos não convertidos. Jeremias se lamentava disto em seus dias: “Também se ocupam em curar superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz“.
Não é esta a razão que deveria nos fazer lamentar em nossos dias? A grande parte de nossas congregações estão fora de Cristo, e permanecem noite e dia debaixo da ira do Senhor Deus Todo-Poderoso; e com isso é de se temer que a maioria das ansiedades e cuidados dos ministros não é o preocupar-se com a verdadeira salvação das pessoas, e seus sermões não se ocupam principalmente do caso tão desesperados deles. Todas as palavras dos homens e dos anjos não podem descrever a horrenda situação dos que estão sem Cristo; e todavia, é de se temer que não falamos aos perdidos com aquela claridade, freqüência e urgência necessária. Ah! Quão poucos ministros são como os anjos de Sodoma, misericordiosamente ousados, de forma que tomaram aos pecadores vagarosos pelas mãos. Quão poucos obedecem aquela palavra de Judas: “e salvai-os com temor, arrebatando-os do fogo“.
Muitos daqueles que cumprem tudo isto fielmente, não o fazem todavia ternamente. Nós temos mais da amargura do homem do que da ternura de Deus. Nós não nos compadecemos dos homens nas entranhas de Jesus Cristo. Paulo escreveu dos “inimigos da cruz de Cristo” com lágrimas nos seus olhos! Há muito pouco deste pranto entre os ministros agora. “Conhecendo os terrores do Senhor“, Paulo persuadia os homens. Há pouco deste espírito persuasivo entre os ministros agora. Como poderemos entranhar que os ossos sejam mui, mui secos e que Deus seja um estrangeiro na terra?
2. É de se temer que haja muita infidelidade no manifestar Cristo como um refúgio para os pecadores. Quando um pecador é convertido recentemente, ele de bom grado persuade aos outros para vir a Cristo. O caminho é tão claro, tão fácil, tão precioso. Ele pensa, oh, se eu fosse apenas um ministro, como persuadiria aos homens! Este é um sentimento verdadeiro e correto. Mas oh, quão pouco há dele entre os ministros! Davi disse: “Cri, por isso falei“. Poucos são como Davi nisto. Muitos não fazem o objetivo e fim de seu ministério o testificar de Jesus como o alto refúgio para os pecadores. É de se temer que muitos são como os Escribas e Fariseus; eles fecham a porta; eles não entram, e nem deixam que entrem os que estão querendo entrar. Alguns expõem a Cristo clara e fielmente, mas onde está aquela maneira de suplicar de Paulo para que os homens sejam reconciliados? Nós não convidados aos pecadores ternamente; não lhes rogamos encarecidamente para que procurem a Cristo; nós não ordenados com autoridade que se cheguem às bodas do Cordeiro; nós não lhes compelimos a entrar; nós não estamos com dores de parto até que Cristo seja formado neles, a esperança da glória. Como podemos nos maravilhar que Deus seja um estrangeiro na terra?”…
Robert Murray M’Cheyne